sexta-feira

Test Knit - Agasalhos e Bugalhos


Modelo no Ravelry (aqui)


O meu primeiro Test Knit foi uma excelente experiência! Tinha tudo para correr bem, atendendo ao excelente trabalho da designer portuguesa, Sandra Magalhães. As instruções são detalhadas, acompanhadas por fotografias de boa qualidade e vídeos explicativos. Os diferentes tamanhos são destacados a cores. Não utilizei o fio recomendado, mas fiz questão de fazer com uma lã portuguesa. 
Em confinamento, as escolhas tornam-se complicadas, mas graças à disponibilidade, simpatia e profissionalismo da Sacha, da loja The Craft Company, que, pacientemente, após troca de inúmeras mensagens e fotografias, ajudou-me na escolha do fio, um processo que parecia complicado, acabou por resultar e ser simples, para mim, como cliente. Recebi, ao final do dia, entregue em mãos, os novelos, botões e mais um livro, da Laine, que há muito andava a namorar.
O fio Terra resultou num trabalho fofo, sendo agradável de trabalhar, apesar de preferir fios mais finos. Esta substituição de fios obrigou-me a fazer várias amostras até conseguir o número de pontos, por 10 cm, que a Sandra recomendava. Um fio desta espessura e um modelo tão fácil de seguir e de simples execução, tornam este modelo o indicado para um presente de última hora, para uma mamã.
Nunca aderi a Test Knit porque não gosto de sentir a ansiedade que acarreta ter uma data para cumprir. Como já disse, noutras ocasiões, os trabalhos de agulhas são para descontrair, sendo uma terapia nos momentos menos bons e mais difíceis. Ainda assim aderi ao teste, uma vez que a Sandra dava um período alargado e maior do que aquele que o meu neto, que está para nascer, me está a dar. Os projectos para os netos dão-me uma enorme satisfação, mas faço-os sempre como quem está a correr contra ao tempo. 
Por agora, ainda tenho em falta, a lavagem de todos os trabalhos de malha, bordar a primeira fralda e os sacos para a maternidade. Terminados os preparativos para a maternidade, fica a faltar um boneco, uma colcha de patchwork e mais uns quantos projectos daqueles "para se ir fazendo".

segunda-feira

#Slowlife #Slowliving



Abrandar o ritmo de vida é algo que se tornou fácil com este confinamento. Aproveito a oportunidade para pegar nas agulhas horas a fio, evitando assim lamentos, tristeza e pensamentos negativos. Com as mãos e mente ocupadas não projecto o pensamento para o futuro, não tento adivinhar como vai ser a nossa vida daqui por uns meses, ou quando for seguro viver livremente. Encontro conforto e alguma serenidade, vivendo o momento, abrandando o ritmo dos dias. Estou em férias forçadas e vou aproveitá-las ao máximo. Neste momento preparo a chegada do neto. 

Já consegui reunir conjuntos, de malha, para os primeiros dias, faltando-me apenas fazer e rechear os sacos para a maternidade. Ainda terei de fazer um boneco, talvez o pequeno urso Tsu-Tsu, com o fio vovó, da camisola que desmanchei. Quero bordar uma fralda e fazer uma manta de patchwork, mas só depois de me instalar na nova casa. As calças que vou testar, para a Sandra Magalhães, também irão para um dos sacos da maternidade, mas aguardo a entrega do fio que comprei na The Craft Company, como forma de apoiar o comércio de Cascais. Apoio, em tempo de confinamento e não só, as vilas e aldeias onde passarei a fazer o meu dia-a-dia. Cascais é uma dessas vilas porque faz fronteira com meu concelho e depressa chego lá por uma das estradas mais bonitas aqui da zona.

Projectos para o neto, notas na conta Ravelry:

Wee envelop - Ysolda Teague

Combinando com a avó -  Petiteknit

Calças azuis - modelo da bisavó

Casaco Indigo - Isabel Demarchais

Envolta da Shetland -  Gudrun J. 

Em verso - PetiteKnit (em verso, porque a minha aldeia é conhecida pela "aldeia em verso")

POP em verso! - Rachel Atkinson - ainda faltam as mangas!

Em todos os modelos faltam os botões e em alguns falta rematar.

 Ainda tenho "horas a fio" para me entreter!

quinta-feira

Acima de tudo, é Terapêutico!


Os livros que tenho lido, os chás que os acompanham e o que tenho nas agulhas.

Uma pausa, uma fotografia para vos mostrar de onde escrevo, a mesa carregada com os meus "bens essenciais e terapêuticos"

Os livros que aguardam um pouco mais do meu tempo, a camisola que ficou em pausa até terminar os projectos para o meu próximo neto

Ver séries ao ritmo das agulhas, ler no comboio e escrever um pouco aqui, acima de tudo são actividades terapêuticas, e é disso mesmo que estou a precisar. Todos vivemos tempos difíceis, mas nem todos temos a mesma forma  de os encarar. Eu não tenho a mesma forma de os encarar nem sequer ao longo do dia! Acordo e faço o meu "exercício de gratidão", tomo o pequeno-almoço e dedico uns minutos ao meu yoga, que é como quem diz, às minhas agulhas. Apesar de tudo,  até aqui , tudo corre bem. Passo pela nossa casa, ainda em obras, e fico feliz apenas com a visão das minhas novas vizinhas.

Assim que deixo a minha aldeia e tomo o caminho para a estação, começam os meus lamentos e a minha revolta. Como professora, sinto-me "carne para canhão", sem vacina ou condições de trabalho. Apanho o comboio e pego num livro, envolvendo-me na vida das personagens e esquecendo os riscos que estou a correr. À chegada a casa dos meus pais é sempre o mesmo receio e os mesmos pensamentos, desinfectando-me na medida do possível. Sentir que eles precisam de mim e que estou presente, faz valer apena os riscos. O coração fica pequeno quando me tenho de despedir para ir para a escola. O meu pai sempre com a mesma pergunta "E tens mesmo de ir? Porque é que não ficas mais um bocado? Aparece mais vezes!". A minha mãe, pacientemente, diz que os visito todos os dias. Sigo para a escola angustiada por saber que tenho de aprender a aceitar o meu pai sem memória, perdido, a tentar preencher o seus dias, mansamente lutando por uma independência que lhe foi definitivamente vedada. Na escola os alunos recebem-me com um sorriso escondido pela máscara, com  uma animação constante e própria da idade, passando-lhes ao lado aquilo a que chamam por aí "a nova normalidade". Sinto-me com forças e deito mãos à obra, ao que nasci para fazer, ensinar. Tudo corre bem até ao momento em que esbarro "naquele" aluno que me tira do sério e que me faz por em causa o que estou ali a fazer, correndo o risco enorme de me contaminar e de contaminar aqueles que mais amo. Obrigo-me a pensar nos restantes alunos, na verdade, a maioria dos meus alunos. Obrigo-me a arranjar força para essa maioria, mas não é nada fácil. 

Regresso a casa embrenhada na vida das personagens, sou uma intrusa numa pequena aldeia inglesa e volto a sentir-me segura, sem o estar. Acompanha-me uma falsa sensação de falta de ar, um peso no peito, sensações constantes no final dos meus dias. Um mal estar que não desiste de me perseguir! 

Chego a casa, tomo um banho quente, janto e pego de novo nas minhas agulhas e vejo séries até o sono chegar. E assim vivo estes tempos difíceis, conseguindo "desligar" com a leitura e "descomprimir" com as agulhas. Os meus trabalhos de mão, acima de tudo, são terapêuticos! Não preciso de mais camisolas ou casacos, nem de bordados ou mantas de patchwork. As minhas mãos não param porque são elas que mantêm o meu equilíbrio emocional. Apenas os trabalhos que faço para os meus netos é que são efectivamente necessários, ainda assim têm também uma componente terapêutica.

O fim-de-semana passado, resolvi aceitar, pela primeira vez, um teste de tricot de uma designer portuguesa, a Sandra Magalhães, de "Agasalhos e Bugalhos". Testar um modelo vai dar um novo sentido/propósito ao próximo trabalho de malha, à minha próxima dose de "terapia". Irei iniciar assim que terminar o que tenho em mãos, enquanto vejo mais uns episódios da série "Modern Love", na Amazon Prime. A série foi sugerida pela Julie das Knitters League, e como me identifico imenso com ela resolvi experimentar ver um episódio e depois seguiram-se os outros. Recomendo, também na Amazon Prime, "Same Kind of different as me" e "The neigbhor's Windom".

Malha, livros, filmes e séries, são a prescrição  para a minha terapia de combate à ansiedade, uma "automedicação" que tem resultado, mas que não tem sido suficiente. Talvez seja apenas uma questão de reforço da dose!