quarta-feira

Yarn Along (November)


As etiquetas estão lindas, apetece bordar os desenhos! 


Vovó foi o nome que dei à camisola (modelo gratuito do Espace Tricot) e que estou a fazer (modificações descritas clicando aqui) com o fio Vovó. Uma das razões que pesou mais na escolha desta lã foi no descritivo dizer que "não tem tendência a ganhar borboto", uma preocupação minha que ainda não consigo colocar de parte! Quer a "mistura" de lã da Serra da Estrela, quer a da Quinta do Pisão , são agradáveis de trabalhar e, embora ainda não tenha terminado e lavado a camisola, posso dizer que adoro o toque e a forma como a peça cai, já que a provei antes de iniciar as mangas. Optei pelas cores naturais, sendo o branco de ovelhas da "minha" Serra, dado que a Quinta do Pisão pode dizer-se que fica em Sintra, uma vez que pertence ao parque natural Sintra/Cascais.
Este será o primeiro de uma lista de projectos que quero fazer para explorar os fios portugueses, dos quais conheço muito pouco, apenas Mondim, LaradaBeiroa e ligeiramente o fio Mé-mé. Numa época em que se apela ao consumo do que é local, e em que devemos ter consciência da nossa pegada verde, decidi que está na altura de conhecer mais fios portugueses. A verdade é que gosto bastante da lã da Shetland, da lã Irlandesa e de alguns fios da Rowan, mas são fios que adquiri nas viagens e Feiras/Festivais, os quais guardam em si memórias físicas dessas viagens e, assim sendo, não me pesa tanto na consciência.
Leio o livro mais recente de Meik Wiking, autor do estrondoso sucesso do Hygge.O  autor, neste livro, revela a importância de coleccionar-mos memórias! Gosto de ler em inglês para ir praticando/aprendendo, no entanto o livro original é em dinamarquês e por isso espero não perder nada por ter adquirido a versão em português. Quando andava na universidade adquiri interesse pela psicologia daí ter curiosidade nos livros de Meik Wiking.
Meik Wiking recomenda que devemos "criar momentos inesquecíveis e, sobretudo, felizes, que moldarão quem sou e serei no futuro.(...) as memórias são as peças angulares da nossa identidade. São o nosso super poder, que nos possibilita viajar no tempo e nos liberta das limitações do momento presente." Ao longo do seu estudo conclui que "as pessoas recordavam vivências que (...) envolviam os sentidos".
A malha permite criar memórias felizes, físicas (as peças que faço) e sensoriais. Fazer malha envolve sentidos e uma imensidão de emoções, o cheiro da lã, o toque, a textura de uns trabalhos e a cor de outros. Todos os projectos de malha requerem um investimento da nossa atenção, alguns projectos mais desafiantes tornam o esforço de concluir a peça inesquecível!
Ponto a ponto colecciono memórias, ao ritmo e em jeito de preces e desejos. Sempre que me aconchego numa peça feita por mim, sempre que vejo alguém com uma das minhas peças, associo ao momento e lugar onde comprei o fio, onde teci a peça, os desafios com que me deparei ao longo do processo, por onde andei e com quem estive, conversas que me marcaram, filmes e séries que vi, músicas que ouvi, livros que li, cheiros e sabores.
Uma das minhas memórias de infância favoritas, são os passeios que dávamos em família, durante os quais, enquanto brincava com os meus irmãos e primos, a minha mãe, tias e a minha avó faziam malha.

Eu sou a pequenina a dar trabalho!
O sorriso inesquecível de uma avó que recordo sempre feliz e com um trabalho nas mãos
Emocionada com as minhas memórias, termino partilhando no Yarn Along da Ginny, do blog Small Things.


1 comentário:

Rebecca disse...

Absolutely ADORE the old family photos! I wish I could recreate the little bonnet in the first of the pictures.

What treasures they are- and the memories behind them. Thank you for sharing!