sábado

FIAPE

Uma ida ao Alentejo quase sempre acaba numa passagem pela Feira de Estremoz, mas desta vez visitei também, pela primeira vez, a FIAPE. Estava a gostar, mas quando começaram os testes do som para o espetáculo da noite, misturado com as músicas dos carrosséis, à qual se sobrepunha música do "estilo pimba", tive de fugir antes de enlouquecer. Pobres animais que tiveram de aguentar tudo aquilo, embora alguns estivessem num recinto fechado, penso que nem assim estavam protegidos da loucura do Homem! E por falar em loucura, se eu tivesse um terreno não tinha hesitado em trazer um burro anão comigo.

Num momento de pura loucura, era capaz de trazer muito mais do que apenas o burro, para viver as histórias que contava aos meus filhos. A Madalena quando lhe perguntavam o que queria ser quando fosse grande respondia "Camponesa pastora", cresceu e tornou-se uma financeira. Como não cresci tanto como isso não tenho vergonha de dizer que por vezes apodero-me do seu sonho, assumo o seu papel de protagonista e sou a tal "Camponesa pastora"! Na verdade não tenho uma visão tão lírica do que é viver no e do campo. Conheço a dureza da vida dos meus amigos alentejanos que começam a trabalhar às 6 da manhã, não sabem o que são domingos ou feriados e raramente tiram férias, já que nem a terra, nem os animais, passam sem o seu cuidado e atenção permanentes, isto para não falar das dolorosas decisões que são forçados a tomar, para terem o que pôr na mesa da família e para todas as exigências que vão surgindo quando se trabalha com animais. Ainda este fim de semana, numa das nossas longas conversas, o João Manel dizia "Eu preciso do dinheiro mas não sou capaz de matar, sei que vou ver lágrimas a correrem, tal como a gente! É verdade, já vi muitas lágrimas, nos "chibitos". Agora se preciso de dinheiro vendo os animais e venho-me embora. Não lhes quero dar nome, mas às vezes é mais forte do que eu, passam o dia ali de volta de mim!".
Quanto mais vejo e oiço, sobre a vida no campo, quanto mais pesquiso sobre alimentação saudável, quanto mais aprendo sobre horticultura, mais me aproximo de uma alimentação vegetariana! Ainda bem que a criação animal serve para muito mais poupando-os a um triste fim.









Na FIAPE a zona da restauração estava decorada com mantas alentejanas lindíssimas!
 Claro que não faltaram alguns petiscos e um presente para o dia da mãe, da Sabão de Banho.
Compotas e Chutneys de Estremoz 
Apesar de ter sido uma visita rápida foi cansativa. O que me valeu é que no regresso à Serra d'Ossa, me esperava a tranquilidade da terra alentejana, que me contínua sempre a surpreender!
No Alentejo ?!


Em casa do nosso anfitrião e grande amigo fiz a minha caminhada e a Branquinha quando me viu veio logo pedir mimo, ou melhor, comida!






Como era o último dia do KAL do xaile "Abril aguas mil", aproveitei para tirar algumas fotografias, neste cenário único!

O cair da tarde chegou e com ela uma plena serenidade conquistada neste lugar a que quero sempre voltar e cada vez mais!


sexta-feira

O bairro onde nasci, cresci e onde vivo

Não sou pessoa de gostar de andar a ver montras ou de perder tempo em compras, principalmente de roupa, no veste e despe constante! Mas preciso de comer  e dar de comer à família e de alimentar a mente e a alma com livros. Para isso gosto de andar pelas ruas do meu bairro e chego a ir até ao bairro vizinho, o meu bairro quando casei. O comércio local estava a cair muito, mas nestes últimos tempos estes bairros reinventaram-se e rejuvenesceram, graças às iniciativas de alguns novos comerciantes.
A última iniciativa a que aderi foi um workshop de Hortas urbanas, na Mercearia Criativa, com o Pedro da Horta do Pêpê.
Foi na cidade, mais precisamente no meu bairro, que aprendi muito sobre hortas. Passei uma manhã na Mercearia Criativa e ao fim de poucos dias tinha um pepino cornichon a germinar.
Entretanto já semeie, no Alentejo, o Kit que trouxe para casa e apliquei alguns conhecimentos à Horta da Escola.
Sempre que vou à Mercearia trago ingredientes indispensáveis a alguns pratos favoritos cá da casa.
Escabeche de frango para a tartes,  muxama de atum,  batata doce em pickles para as saladas entre outras coisas, conforme o dia e a vontade!
O alimento para a mente e para a alma procuro na Bertrand, alguns livros mais para a vida prática e outros apenas pelo gozo imenso que me dá ler um bom livro.
Já o material de escrita (começarei um bullet journal em maio) e rabiscos (para planear bordados e patchwork), bem como as revistas da minha preferência procuro na porta ao lado, na antiga Barata, agora Leya.
Sigo para o Alentejo para descansar e ver se as malaguetas já germinaram.
Bom fim de semana!

quarta-feira

Expedição ao Montado

6:16 toca a levantar. Arranjo-me e com optimismo pego apenas num livro leve (escolhido mesmo pelo peso, antes de uma consulta para ler na sala de espera) e atiro para dentro da mochila. Esperava-nos mais uma aventura no nosso Land Rover de forte personalidade, o que significa que nem sempre nos leva ao destino que planeamos, mas ao destino por ele escolhido, parando onde nunca pensámos parar. Faço frente à sua forte teimosia levando sempre comigo "os meus brinquedos", que é como quem diz, trabalhos manuais que faço enquanto o Zé se dedica a "aperfeiçoamentos" de feitio, já que o Land Rover não tem defeitos, mas um feitio muito próprio. (já ponderei andar sempre com os sacos de cama e até uma tenda!)
Surpreendentemente o Land Rover colaborou a 100% connosco, levou-nos ao nosso destino, permitiu-nos gozar em pleno a "Expedição ao Montado" e trouxe-nos de volta até à porta de casa. Era esta prova que eu há muito ansiava, a sua vontade de percorrer caminhos, por agora, em Portugal!
Primeira paragem e pausa para comer. (nunca comi tanto apenas num dia!)
Sendo bióloga e professora, adorei todas as chances em que pude assumir o papel de  curiosa e atenta aluna!
Visita guiada aos Moinhos da Tramaga.
Pausa para almoço, seguida de mais uma visita guiada que começou pelo segundo maior painel de cortiça, tendo liderado a lista até março!
 "Visita de estudo", à antiga fábrica do arroz, com passagem pela Fablab
Antes de abandonarmos Ponte de Sor, tivemos oportunidade de conhecer alguns artesãos locais e produtos regionais
As fotografias identificadas, como a anterior, são da autoria da equipa que organizou, dinamizou e nos acompanhou à Expedição ao Montado. (mais fotografias no facebook da organização)
Paragem para aprendermos a procurar e apanhar Túberas.
Aprendemos alguns sinais para distinguir cogumelos comestíveis dos que serão certamente venenosos.
O Zé aceitou o desafio e tentou encontrar as preciosas túberas, junto da planta que dá vida a este fungo.
Terminámos o dia no Monte Novo do Cascavel, Cantar de Galo, com um jantar regional e muita animação!
No exterior começámos por provar túberas com ovos mexidos, uma delícia!
Este cobertor de papa não me passou despercebido, bem como todos os pormenores que revelavam o bem receber, respeitando as nossas tradições.

Para os nossos filhos trouxemos um registo fotográfico, uma aventura para contar e sabores para experimentarem. Desses sabores o que gostei mais foram os produtos do Frasco de memórias . Os Pirulitos foi pela graça de dar a conhecer aos nossos filhos uma das guloseimas do nosso tempo. O chá e o mel são compras que nunca são demais!