segunda-feira

Ao ritmo da Vida

Tudo o que faço de trabalhos manuais está condicionado pelo tempo que tenho disponível na minha rotina diária e nos fins-de-semana. No decorrer do ano lectivo, o tempo escasseia e os momentos do dia que tenho para os trabalhos manuais são quase sempre ao final do dia, sem luz natural, com horas de cansaço acumulado e coincidente com as horas de momentos em família, quer isto dizer que são horas no sofá da sala e de muita distracção. Para estes momentos guardo a malha. Gosto de pegar num trabalho e de o levar até ao fim, mas de facto nem sempre acontece. Há trabalhos cuja conclusão é adiada porque exigem mais atenção ou luz. De momento tenho duas camisolas inacabadas e um xaile. Tal não se deve à necessidade de concentração e de luz mas porque a vida também comanda os meus trabalhos. Com a chegada do neto, as peças que estava a fazer para mim, passaram para o fundo da cesta da malha, escondidas entre novelos e projectos para o neto. Ficarão por lá até ao doce ritmo da vida lhes dar uma hipótese de serem terminadas.
Mas a vida também se intromete nos bordados e no patchwork, e neste tipo de trabalhos as condições de luz são uma forte condicionante, ainda mais do que na malha!
Para me ajudar a arrumar ideias e projectos, faço aqui um ponto da situação.
Retomei um trabalho de ponto de cruz que estava parado desde a minha última viagem aos Açores. Este fim-de-semana, à semelhança do tempo em que os meus filhos eram crianças e brincavam no jardim dos avós enquanto eu fazia o ponto de cruz ao sol, dei uns pontos neste trabalho que quero concluir, e decidi que estava na altura de concluir os trabalhos de ponto de cruz, fazer um kit que ainda não iniciei e bordar uma fralda para o neto.
A manta Farmer's Wife foi empurrada para o lado pela vida. O entusiasmo que lhe estava a dedicar, pensando no dia em que ia mudar-me para "aquela" casa nas Maçãs, morreu no dia em que perdi a casa. Este fim-de-semana, conversando com o meu marido, concluímos que não vamos abandonar o nosso sonho e, por isso, acho que em breve vou ressuscitar este projecto.
Com a chegada do neto retomei a manta Here, There and Everywhere imaginando um quarto para os netos em casa dos avós, com este painel na parede ou mesmo numa cama de grades. Os mapas estão a ser desenhados pelo avô Zé e a avó Sofia ficou responsável por bordar e juntar os retalhos da manta.
A Vida abençoa-me regularmente com visitas da minha expatriada e para ela quero terminar este painel, com a certeza que lhe irá colorir os dias mais acinzentados de uma Londres carente de sol.
Com uma certa urgência terei de terminar a colcha do berço do neto.
A Vida é uma desculpa para a indisciplina que reina nos meus trabalhos manuais, Vida que se mete sempre no caminho de todos os trabalhos, sem excepção, mas é a Vida que é responsável pelo triunfo de tarefa cumprida. É a Vida que me inspira, que me motiva, que me empurra para a meta. Não me recordo de fazer por fazer, talvez fazer para aprender, mas quase tudo o que faço tem sentimentos, sonhos e emoções em cada ponto.
Em relação à malha, com a excepção das peças que fiz para o neto, servem apenas o objectivo de ter momentos de descontracção no final do dia, de não me enervar em filas de espera ou em horas mortas entre aeroportos. Ainda assim a malha dá-me imenso prazer durante o processo e quando termino um projecto. Visto com orgulho as peças que fiz e fico feliz quando vejo a família usar as malhas que fiz.

1 comentário:

shubhi gupta disse...

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