quarta-feira

Simplesmente Mondim

Malha:
Infelizmente tenho passado horas no Hospital com a minha Mãe, o que me levou a iniciar umas meias. Nos momentos mais difíceis, as horas "a fio" tornam-se mais toleráveis. Há um tempo andava sempre com um bordado para ocupar as minhas mãos e até a mente, quando podia ou precisava, mas agora só consigo fazer malha.
"Sua vista fraca já não há de poder contar os fios da cambraia ou da talagassa fina; e a meia que serve para fazer tantas coisas bonitas ou úteis, faz-se com a maior perfeição e presteza sem precisar de estar aplicando os olhos", citação de Almeida Garret, no livro "Malhas Portuguesas", de Rosa Pomar.
Voltando às meias, optei por não fazer qualquer tipo de ponto trabalhado, Mondim "fala por si" e não ando com cabeça para nada! Ainda assim trabalhei o calcanhar uma vez que o fiz com uma cor lisa e contrastante (mais informações no Ravelry). 
O toque da lã Mondim é extremamente agradável e estou a adorar o resultado final. E a propósito de Mondim, apenas uma curiosidade e mais uma breve citação ao livro da Rosa Pomar, companheiro de autocarro a caminho do Hospital:
"Mondim da Beira, 15 quilómetros a sul de Lamego, era ainda nos inícios do século XIX um afamado centro de produção manual de meias de lã de vários géneros, sendo conhecida por Mondim das Meias".
Serão umas meias quentes e confortáveis para as viagens pelo norte da Europa. Não pensava fazer mais meias tão cedo! Meias de lã só nas viagens e nos passeios de todo o terreno pois não sinto frio nos pés quase o ano inteiro! 
Avisaram-me que as meias não poderiam ser lavadas à máquina, o que não me incomoda nem um pouco. Serão tratadas com o carinho que as peças à mão e 100% de lã merecem. Dá-me um certo prazer pensar que terão um tratamento especial!
Comecei a dedicar-me à malha recentemente, mas quanto mais aprendo mais exigente sou quando chega o momento de escolher fios. Tenho procurado, cada vez mais, fios sem mistura de fibras sintéticas ou tratamentos químicos. Por outro lado, apesar de gostar imenso da lã escocesa e da irlandesa, sempre que possível opto por fios portugueses, ou por lojas portuguesas, apoiando o nosso comércio.* Claro que nas viagens procuro sempre trazer "memórias físicas"* normalmente em forma de fios e materiais que utilizo nos trabalhos de mão. 
Leitura:
Escolhi ler mais um livro que herdei das arrumações de uma das casas da família, talvez da da minha irmã! Não foi o título que me chamou a atenção, nem a autora, mas sim a referência, na sinopse, à Irlanda. Apenas na segunda parte é que consegui viajar até à Irlanda, com as irmãs protagonistas desta história e com elas recordar a minha viagem do Verão passado. Talvez esta seja a verdadeira motivação para a leitura do livro "O Barco Encantado" de Luanne Rice.

*Quando a verba é curta opto pelos fios da Drops, que compro no Clube de Tricot
* Numa visita ao Sheep Wool Center na Irlanda, fiquei a saber que nem toda a lã que se vende na Irlanda é de origem Irlandesa, sendo apenas "tratada" na Irlanda.

quarta-feira é dia de Yarn Along