Companheira de viagem de comboio, Valérie Perrin, tem-me consolado, através da sua escrita :
Falar de ti é trazer-te à vida, não dizer nada seria esquecer-te.
Há uma coisa mais forte do que a morte: a lembrança dos ausentes na memória dos vivos.
Gentil borboleta, abre as tuas belas asas e vai ao seu túmulo dizer-lhe que o amo.
Ouço a tua voz em todos os ruídos do mundo.
Se nascesse uma flor de cada vez que penso em ti, a Terra seria um imenso jardim.
Falta-nos um único ser, e tudo se despovoa.
(frases retiradas no início dos primeiros capítulos)
Muito se falou deste livro, o que despertou a minha curiosidade. Li a sinopse, hesitei e adiei a leitura... mas trouxe-o comigo. O livro espicaçava-me entre os livros que tenho junto da cabeceira, até que esta semana finalmente, cedi e abri-o. Da leitura parti para a escrita, um suspiro que soltou as palavras libertando o nó que trago na garganta.
"-Não vás, fica comigo."
E fiquei, por mais um breve momento, com a minha mão na do meu Pai, acariciando-a para o adormecer. Um momento que se tornou gigantesco na minha memória. Do nosso inconsciente adeus, abafo o ruído de fundo e guardo apenas o seu olhar, o olhinho azul, o sorriso. Só me arrependo de não ter dado um beijo na carequinha. (Maldita máscara! Devia ter sido a tua Sofia mais rebelde!)
Pai vives comigo e através de mim, na peça que sou deste puzzle. Pacientemente limaste as minhas arestas para que encaixasse em harmonia, na família, na vida. Sinto a suavidade do teu árduo trabalho nos meus limites, nos meus gestos mais doces sinto a tua presença e esboço sorrisos de gratidão que camuflam a saudade.
Dia 21 - Ponto a ponto, entrelaçando o merino e o Mohair, penso em como estarias feliz com o Batismo dos teus bisnetos. |
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