A pouco e pouco a vida muda e a reconquista de uma felicidade plena, vivendo no momento, sai de forma espontânea, sem esforço algum da nossa parte. Os problemas, praticamente diários, com a obra da casa, têm sido ultrapassados, muitas vezes não a nosso gosto mas estamos numa fase em que nada nos entristece, porque o pensamento é sempre "depois mudamos". Já olhamos para a aldeia como "a nossa aldeia" onde, quase tudo, tem o seu encanto.
As minhas rotinas abraço-as como dádivas diárias: o caminho até ao comboio com o qual me deslumbro diariamente, tendo por companheiras de viagem as personagens dos livros, forçadas a esperar uma tarde de aulas para o nosso reencontro no final do dia, a Serra que me recebe* na penumbra com o seu encanto único de palácios e castelos por vezes emoldurados por neblina, outras vezes mergulhados em nuvens fantasmagóricas, a meio caminho do regresso a casa, Monserrate iluminado em todo o seu esplendor. Ao chegar a casa recebem-me as noites serenas impregnadas do cheiro das lareiras, o som do mar ao longe a embalar-nos. Por tudo isto e muito mais sinto vontade de cantar "Gracias a la vida" de Joan Baez.
Bisneto e bisavô |
As minhas idas diárias a Lisboa têm um lado muito bom, os passeios de manhã com o meu paizoco, o meu herói, o sobrevivente muito além do imaginado, um dos homens, aos meus olhos, mais doce e terno.
Tenho tido menos tempo para mim em casa, é uma realidade. No que se traduz esta falta de tempo? Em menos tempo para as agulhas, mas em compensação nunca li tanto, são 40 minutos de leitura para Lisboa e 40 minutos de leitura no regresso a casa. A verdade é que os livros foram o meu primeiro vício e com as agulhas a meterem-se no meio, os livros passaram a ocupar, praticamente, só a leitura de cabeceira. Estou contente com esta mudança, que será apenas temporária, pois conto para o ano conseguir colocação numa escola de Sintra.
Ainda assim, tenho tido tempo para terminar alguns trabalhos para o meu "peixinho", como chamo ternurentamente ao meu neto que irá nascer no início de Março. Ainda não foi hoje que arranjei tempo para falar dos meus trabalhos e agulhas, mas prometo que fica para breve. Para quem gosta de malha e leitura leve recomendo "Laços de Vida", um livro onde as amizades nascem numa Retrosaria, em volta de uma mesa onde se tecem gorros para bebés prematuros, algo que me fez lembrar o projecto da Filipa Carneiro.
Os livros que tenho lido são recomendações da Rachael, no podcast Sewrayme
De momento leio "Uma Receita de Família" |
* o telemóvel não capta o que os meus olhos vêem!
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